Nosso trailer nas praias de Prado na Bahia

A história (ou será saga?) de nosso querido KC-380

Tudo começa em 1981, quando a fábrica de trailers Karmann Guia, instalada em São Bernardo do Campo, tirou da linha de produção nosso querido KC-380 (K de Karmann e C de Caravan – com 3m 80 cm de comprimento).

planta-do-KC-380-criacao-Macamp

desenho de propriedade do Macamp. o maior portal de campismo da América Latina

A fábrica encerrou suas atividades em 1995, tendo produzido muitos modelos. O KC-380 veio para combinar maior conforto com mais espaço social em seu interior. Foi a unidade que mais fez sucesso dentre todos da série (menores e maiores). Na época de sua produção, os carros em sua maioria eram equipados com tração traseira. Daí se ver com facilidade veículos pequenos e médios puxando um trailer dessas dimensões (peso estimado de 1000 quilos).

Mas vamos voltar a história do nosso KC-380. Em janeiro de 1982 ele foi adquirido por seu primeiro dono (Fernando Coutinho Aguirre), pela bagatela de Cr$ 853.583,00 (na época a moeda era Cruzeiro), na antiga Auto Modelo Guanauto, centro do Rio de Janeiro. Ainda temos a NF original.

Nota-Fiscal-original

Permaneceu com o mesmo dono até 1995, quando foi adquirido pelo seu 2º dono (Reginaldo), morador no município de Engenheiro Passos em Resende. Em 2012 vimos seu anúncio para venda. Nos foi contado que seu uso foi bem reduzido, tendo sido sempre protegido por garagem coberta. Marcamos uma visita para ver suas condições. A originalidade era total. O estado geral parecia muito bom. Levamos junto nosso amigo Ronaldo, muito experiente no caravanismo, para nos assessorar na decisão. O estado impecável da janela de acrílico frontal, sem a presença de arranhões, já era um bom indício. Feita a checagem do interior, sem infiltrações, tivemos a surpresa de ver que a Central Elétrica ainda era original, entregando não mais de 400w de potência.
Não havia mais o que discutir. O trailer valia muito a pena. Negociamos o pagamento e no mesmo dia formalizamos a transferência. Adaptamos as ligações de luzes e engatamos. Já era nosso. Tocamos para Teresópolis, onde ficaria estacionado no camping Quinta da Barra.

conjunto-kc-380-TR4

A primeira transformação aconteceu logo em seguida. Além de calafetar os pontos mais críticos para entrada de água, fizemos uma modernização elétrica de grande porte, saindo dos modestos 400W para 5KVA de potência, Trocamos todas as tubulações de água e gás. Ganhou bateria estacionária nova (115ah), novo carregador flutuante, inversor de 1800w e uma central de comando protegida por disjuntores.

Ganhou uma geladeira nova de 120 litros, um ar-condicionado de 5000Btu´s SINGER. Bomba de água nova e um aquecedor de 7 litros novo. O box não possuía paredes resistentes a água (um erro de projeto da Karmann Ghia). Resolvemos isso formicando totalmente a célula de banho. Estávamos prontos para nossa primeira viagem. Fizemos um comboio com o Tangará 330 do Ronaldo e fomos acampar no frio de Campos do Jordão.

Tangara-330-Ronaldo-e-Vania

Encaramos um frio de -6ºC no CCB de Campos do Jordão. Ainda bem que modernizamos a elétrica. Pudemos usar o aquecedor sem problemas. Cedo na manhã, uma camada de 3 mm de gelo cobria os trailers.

estacionados-no-CCB-de-Campos-do-Jordao
congelando-no-inverno-de-Campos-do-Jordao

O sucesso da viagem mostrou que nosso KC-380 estava pronto para nos levar país afora. Seguimos em direção ao norte, tendo como destino a cidade de Prado na Bahia. Queríamos muito ver as baleias Jubarte no arquipélago de Abrolhos. Ficamos acampados no CCB de Prado, onde pudemos abrir pela primeira vez o toldo original depois de substituir as ferragens.

A história (ou será saga?) de nosso querido KC-380 1

Nosso valente TR4 puxou o trailer para onde viramos a proa. Um motor 2.0, que em algumas situações chegava a fazer 4kms/litro. Por ser um veículo 4×4, nos tirou de boas enrascadas. Uma delas aqui mesmo em Prado, quando chegamos a atravessar uma tormenta em estrada de terra.

Quando (2013) conhecemos a Camper (uma espécie de trailer encaixado sobre a caçamba de uma pickup), nos apaixonamos e por questões financeiras, vendemos nosso KC-380 para completar o valor da compra. O comprador foi um senhor de 72 anos (morador de Campinas), que desejava estacionar em frente a uma represa e ficar pescando no conforto do trailer. Quis o destino que viesse a sofrer uma acidente doméstico que o impossibilitou de usar seu brinquedo.
Fomos procurados na época pelo amigo Márcio de Santa Catarina, interessado na compra do nosso trailer. Informei da venda, mas também da possibilidade de compra, já que o dono atual estava sem condições de usá-lo. E assim foi. Nosso KC-380 foi para Santa Catarina.

O Márcio fez ótimas modificações, dente elas a troca de todo o sistema de iluminação para lâmpadas de led. Trocou a roda da bequilha e atualizou os recursos de som ambiente. O Márcio foi feliz enquanto esteve na posse do trailer. Foi quando em 2016, vendeu para o Leandro, morador de Americana/SP.

Aí começa outra história interessante. O Leandro não teve tempo de usar o trailer. Recebeu quase que simultaneamente, convite para trabalhar fora do país. O trailer ficou estacionado em Americana até 2018, quando nós conseguimos rastrear sua localização. Fizemos contato com o Leandro na Nova Zelândia e discutimos a recompra.
Seguimos para Americana e engatamos nosso querido KC-380 de volta para Teresópolis.

de-volta-ao-camping-Quinta-da-Barra

Ganhou um novo banho de loja, com melhoras na elétrica e aumento de sua autonomia através da instalação de painéis solares e mais baterias.

Demos um trato no visual, decorando seu interior no estilo retrô, aplicamos uma nova cor ao exterior e instalamos um toldo retrátil com barraca externa, aumentando o conforto nas viagens.

Nosso xodó está de volta e não vai mais sair por aí sem nossa companhia. Venha você também para o caravanismo. Existem muitos trailers precisando de um carinho para repovoar nossas estradas e campings.
A história (ou será saga?) de nosso querido KC-380 2

4 Comments

  1. Mauro Sérgio de Mello junho 26, 2020
    • carlos junho 29, 2020
  2. rodrigo vaz fevereiro 14, 2021
    • carlos fevereiro 14, 2021

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